COMO É BOM VER UM ESPETÁCULO DO QUAL SE SAIA TÃO AGRADECIDO, COMO O FAMOSO MUSICAL DE DALE WASSERMAM, CRIADO EM 1965 E JÁ BASTANTE EXIBIDO PELO MUNDO.
ASSISTI AO FILME, COM SOPHIA LOREN E PETER O’TOOLE E TAMBÉM A PEÇA, ENCENADA, EM SÃO PAULO, NO TEATRO ANCHIETA, EM 1972, DIRIGIDA E TRADUZIDA POR FLÁVIO RANGEL, COM ASSISTÊNCIA DE PAULO PONTES, TENDO PAULO AUTRAN E BIBI FERREIRA INTERPRETANDO OS PERSONAGENS PRINCIPAIS. AS MÚSICAS DE MITCH LEIGH E LETRAS DE JOE DARION, TIVERAM VERSÃO DE CHICO BUARQUE DE HOLANDA E DE RUY GUERRA.
QUARENTA E DOIS ANOS DEPOIS, VOLTA À CENA ESTE MUSICAL, QUE TEM A INTERESSANTE ADAPTAÇÃO DA OBRA DE MIGUEL DE CERVANTES, IMAGINADA E AMBIENTADA POR DALE WASSERMAN, NA ÉPOCA, NA QUAL O GRANDE ESCRITOR ESPANHOL PERMANECEU NUMA PRISÃO.
EMBORA NO ORIGINAL A TRAMA SE PASSE EM UMA CADEIA, NESTA ADAPTAÇÃO COM VERSÃO E DIREÇÃO DE MIGUEL FALABELLA, É AMBIENTADA NUM HOSPÍCIO.
A HISTÓRIA, TODOS CONHECEM. O JÁ IDOSO DOM ALONSO QUIJANA, INFLUENCIADO POR SEUS LIVROS SOBRE A NOBREZA DOS ANTIGOS CAVALEIROS, SEM DISTINGUIR ENTRE O SONHO E O DELÍRIO, INTITULA-SE DOM QUIXOTE, (O CAVALEIRO DA TRISTE FIGURA) E TENTA COMBATER A OPRESSÃO, EXALTANDO OS IDEAIS: HONRA E JUSTIÇA, NO DESEJO DE QUE O SER HUMANO SEJA DIGNO E FELIZ. EM SUA LOUCURA, AO LADO DO FIEL ESCUDEIRO SANCHO PANÇA, SAI PELOS CAMPOS DA ESPANHA, ENFRENTANDO INÚMEROS MOMENTOS ENGRAÇADOS, TRISTES E GROTESCOS, MAS CONSEGUINDO TRANSMITIR UMA SEMENTE DO BEM QUE PRETENDIA, NA CRIADA E PROSTITUTA ALDONZA.
APÓS INSENSATAS AVENTURAS, É ENCONTRADO POR SUA SOBRINHA E ALQUEBRADO, PELAS TRISTES REVELAÇÕES DO SENHOR DOS ESPELHOS (SEU MÉDICO, NA VIDA REAL) AO LHE MOSTRAR O RIDÍCULO DE SUAS AÇÕES, VOLTA À CASA FAMILIAR.
ENTRE MOMENTOS DE LUCIDEZ E ÚLTIMAS FANTASIAS, FALECE, NOS BRAÇOS DE ALDONZA, A NOBRE DAMA DULCINEIA, DE SUA IMAGINAÇÃO.
A QUALIDADE DA ENCENAÇÃO DO ESPETÁCULO É PRIMOROSA.
NUMA PRISÃO CALABOUÇO/HOSPÍCIO, A CENOGRAFIA DE MATT KINLEY, EMBORA TOTALMENTE APROPRIADA, NÃO CONSTITUI A GRANDE ATRAÇÃO, APESAR DA INTERESSANTE UTILIZAÇÃO DA ESCADA MÓVEL PRINCIPAL.
O QUE, NO ASPECTO VISUAL, CHAMA A ATENÇÃO SÃO OS CRIATIVOS FIGURINOS IDEALIZADOS PELO FIGURINISTA CLAUDIO TOVAR E LIGIA ROCHA, SUA PRODUTORA. SÃO VESTES SUJAS E RASGADAS, COM ADORNOS DE PASSAMANARIAS REFINADAS E LUXUOSAS, EXIBINDO UM FELIZ E INTENCIONAL CONTRASTE. COMO UMA HOMENAGEM, ALGUMAS VESTIMENTAS SÃO INSPIRADAS NOS MANTOS ESCRITOS E BORDADOS DO ARTISTA BISPO DO ROSÁRIO. OUTRAS ROUPAS DE EXTREMO BOM GOSTO SÃO APRESENTADAS NA DANÇA CIGANA.
OS ADEREÇOS COMO TIARAS, CABEÇAS E LOCOMOÇÃO DE CAVALOS E A PRÓPRIA ARMADURA DE DOM QUIXOTE, TÊM UMA CRIATIVIDADE ADMIRÁVEL.
AS INTERPRETAÇÕES, ASSIM COMO OS BAILADOS, COM COREOGRAFIA DE KÁTIA BARROS, E OS ELEMENTOS CENOGRÁFICOS, ESTÃO TODOS EM EXATA HARMONIA AO TOM DA ÓTIMA DIREÇÃO DE CENA DE FLORIANO NOGUEIRA E DIREÇÃO GERAL DE MIGUEL FALABELLA.
O QUE MAIS EMOCIONA, É CLARO, ALÉM DA HISTÓRIA, SÃO AS MARAVILHOSAS CANÇÕES, COM DIREÇÃO MUSICAL DE CARLOS BAUZYS.
A VOZ DE TODOS OS ATORES, PRINCIPAIS E COADJUVANTES, EMPOLGA, POR SUA BELEZA SONORA. DESTACAM-SE, PELAS CARACTERÍSTICAS DO PAPEL, OS ATORES/CANTORES CLETO BACIC, COMO DOM QUIXOTE E SARA SARRES COMO ALDONZA, COM TIMBRES EXCELENTES. SARA SARRES SURPREENDE TAMBÉM POR SUA BELEZA, NO PALCO.
JORGE MAYA, COMO SANCHO, FREDERICO REUTTER COMO DR. CARRASCO, KIARA SASSO, COMO ANTÔNIA, IVANNA DOMENICO, COMO SUA CRIADA E TODOS OS DEMAIS COMPONENTES DO ELENCO, SOBRESSAEM PELA INTENSA RIQUEZA SONORA. DIFÍCIL SERIA APONTAR QUEM ESTÁ MELHOR.
ESPETÁCULO DE MUITA VIBRAÇÃO, NOS SEUS MOMENTOS MUSICAIS MAIS APOTEÓTICOS, FAZ A PLATEIA NÃO SE CONTER EM APLAUSOS, OS QUAIS, REALMENTE, SÃO BASTANTE MERECIDOS.
NÃO APENAS A TODO ESSE MARAVILHOSO ELENCO E A ENORME EQUIPE DE PRODUÇÃO, MAS, ATÉ MESMO, AO SESI, POR MAIS ESTA ATRAÇÃO SIGNIFICATIVA.
HÁ 60 ANOS, ESSAS ORGANIZAÇÕES SESI E SESC VÊM APRESENTANDO MUITAS DAS MELHORES ENCENAÇÕES EXIBIDAS NA CIDADE, EM SEUS TEATROS DE ALTA QUALIDADE.
FELIZMENTE ASSISTI A MUITAS DELAS.
NÃO SE PODE DEIXAR DE MENCIONAR A BOA ASSOCIAÇÃO DO DIRETOR E ADAPTADOR MIGUEL FALABELLA AOS EXCELENTES MUSICAIS QUE VEM DIRIGINDO TANTO NO SESI COMO EM OUTROS TEATROS. ALÔ DOLLY E A MADRINHA EMBRIAGADA, FORAM BOAS SURPRESAS PELA QUALIDADE DE ENCENAÇÃO, PELOS RECURSOS ELETRÔNICOS DE MOVIMENTAÇÃO DOS CENÁRIOS, PELOS RIQUÍSSIMOS FIGURINOS E, EVIDENTEMENTE, PELAS ÓTIMAS REPRESENTAÇÕES.
CONSAGRA-SE, MAIS UMA VEZ, EM O HOMEM DE LA MANCHA.
PARABÉNS A NÓS, PÚBLICO, PELA POSSIBILIDADE DE, ALGUNS ANOS PARA CÁ, COM O FANTASMA DA ÓPERA, OS MISERÁVEIS, A BELA E A FERA, O MÁGICO DE OZ, HAIRSPRAY, A FAMÍLIA ADAMS, CABARET, O REI LEÃO E TANTOS OUTROS, PODERMOS ASSISTIR EM SÃO PAULO, TÉCNICA E SONORAMENTE, TÃO BRILHANTES MUSICAIS, ANTES SÓ ACESSÍVEIS EM NOVA YORK OU LONDRES.
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