AUTOR: JEAN GENET
DIREÇÃO: EDUARDO TOLENTINO
COM CLARA CARVALHO, DENISE WEINBERG E EMÍLIA REY
O TEXTO EXPÕE AS DIFERENÇAS DE CLASSE E A INJUSTIÇA DAS OPRESSÕES, LEVADAS A UM FIM DESESPERADO: MATAR E MORRER PARA SER RECONHECIDO.
DUAS CRIADAS IRMÃS, SOLANGE E CLARA, COM GRANDE RESSENTIMENTO DE SUAS CONDIÇÕES HUMILDES E DO DESPREZO QUE SOFREM POR PARTE DA PATROA, PLANEJAM MATÁ-LA. INICIAM A VINGANÇA DENUNCIANDO O PATRÃO PARA A POLÍCIA, POR MEIO DE CARTAS COM ACUSAÇÕES FALSAS. ELE É PRESO.
SOZINHAS EM CASA, AS CRIADAS FINGEM SEREM A SENHORA, USANDO SUAS ROUPAS E JOIAS E IMITANDO AS HUMILHAÇÕES QUE ESTA LHES INFLIGE. QUANDO A AMA CHEGA, ARRUMAM TUDO ÀS PRESSAS E, DENTRO DO PLANO DE REVANCHE, TENTAM OFERECER-LHE UM CHÁ ENVENENADO, QUE ELA RECUSA.
NA REALIDADE, MADAME SEQUER SABE QUEM É CLARA, QUEM É SOLANGE. ISSO NÃO FAZ DIFERENÇA. BASTA SEREM APENAS AS CRIADAS, MAS FINGE-SE DE BOA, DÁ-LHES PRESENTES, QUE DEPOIS, ASTUCIOSAMENTE, RETIRA.
PARA AS IRMÃS, ESSA IGNORÂNCIA DE SEUS NOMES, O FATO DE NÃO TEREM UMA IDENTIDADE É MAIS UMA DAS GRANDES OFENSAS.
AO SABER QUE O MARIDO ESTÁ LIVRE POIS AS DENÚNCIAS ERAM INVENTADAS, MADAME VAI AO SEU ENCONTRO.
AS DUAS IRMÃS, SÓS, SENTEM O MEDO DAS REPRESÁLIAS QUE ENFRENTARÃO. QUEREM FUGIR, MAS NÃO TÊM DINHEIRO, NEM LUGAR PARA IR.
VOLTANDO AO DEVANEIO DE ORA PATROA, ORA CRIADA, ELAS REVIVEM TODA A REVOLTA, VEXAMES E REBAIXAMENTOS SOFRIDOS E, INSANAMENTE, IMAGINAM A MORTE. SOLANGE MATARIA CLARA E FICA PENSANDO NO MAGNÍFICO E IMPONENTE DESFILE FÚNEBRE QUE A IRMÃ TERIA. AO MESMO TEMPO, REFLETE SOBRE A IMPORTÂNCIA DE SEU ATO, DO JULGAMENTO E A CONDENAÇÃO PELO CRIME.
CLARA, NO PAPEL DE MADAME, NO SEU FUROR, EXIGE TOMAR O CHÁ.
SOLANGE EXITA, MAS CEDE À INSISTÊNCIA DA IRMÃ E LHE DÁ O VENENO.
AGUARDANDO SER PRESA PELO CRIME, PARECE CONTENTAR-SE EM SABER QUE, AGORA, TERÁ SEU DESTINO E SERÁ CONHECIDA PELO PRÓPRIO NOME: SOLANGE LEMERCIER.
COMENTÁRIOS:
ASSISTI TANTA PEÇA BOA ENCENADA PELO GRUPO TAPA, QUE ME ESPANTEI COM ESSA.
-AS INTERPRETAÇÕES, FRÁGEIS, NÃO TIVERAM A INTENSIDADE DE EMOÇÕES QUE O TEXTO EXIGIA. PODERIAM TER SIDO MAIS DENSAS, MAIS ARREBATADORAS.
-OS FIGURINOS SÃO BONITOS E OS ELEMENTOS DO CENÁRIO, POUCOS, MAS SUFICIENTES.
UM SÉRIO PROBLEMA, PARA MIM, FORAM CERTAS FALHAS DA ENCENAÇÃO. SENTADO NA ÚLTIMA FILEIRA DO TEATRO, QUE FELIZMENTE ESTAVA LOTADO, NÃO CONSEGUI OUVIR O QUE ERA DITO, QUANDO APENAS MURMURADO. MENOS AINDA, QUANDO A CAIXA DE SOM, OBEDECIA A SONOPLASTIA. AS FALAS DE DENISE WEINBERG ERAM AUDÍVEIS. AS DE CLARA CARVALHO, COM BAIXA TONALIDADE DE VOZ, FEZ PERDER, AO PÚBLICO LONGE DO PALCO, BOA PARTE DO ENTENDIMENTO DOS DIÁLOGOS E, CONSEQUENTEMENTE, DO TEXTO. PARECEU NÃO HAVER MICROFONES E AS ATRIZES REPRESENTAREM APENAS COM O RECURSO DA PRÓPRIA VOZ.
NUMA MARCAÇÃO INFELIZ, NO FINAL DA PEÇA, SOLANGE, NO TOPO DA ESCADA, FALA DE COSTAS PARA O PÚBLICO E NADA SE COMPREENDE.
-NÃO SEI SE FOI DEVIDO AO ANTIGO EQUIPAMENTO DO TEATRO, MAS
A ILUMINAÇÃO, TENTANDO INTERAGIR EM DETERMINADOS MOMENTOS, FOI TÃO MORTIÇA, QUE MELHOR SE EXPRESSARIA DEIXANDO TUDO CLARO, SEM INTERFERÊNCIAS.
-A SONOPLASTIA, APESAR DE ESCASSA, PREJUDICOU, QUANDO ABAFAVA A VOZ DAS ATRIZES.
ESSES ERROS, TÃO PRIMÁRIOS, FACILMENTE, SERIAM EVITADOS.
DURANTE OS ENSAIOS, ALÉM DE AFINAR O ELENCO, O DIRETOR DEVERIA TORNAR-SE ESPECTADOR, SENTAR EM DIVERSOS LUGARES DO TEATRO, VER COMO A AÇÃO SE DESENVOLVE E CORRIGIR O QUE HOUVESSE NECESSIDADE NA ATUAÇÃO, NA ILUMINAÇÃO E NA SONOPLASTIA.
NESTA PEÇA, NÃO DEVE TER HAVIDO TEMPO PARA ISSO ACONTECER.
EDGARD RIBEIRO DE AMORIM -MTB 16.893
Nenhum comentário:
Postar um comentário