segunda-feira, 5 de janeiro de 2015

LIVRO FIO DE CRISTAL - MARLEY E NÓS

BASEADO NO LIVRO DO ESCRITOR E JORNALISTA JOHN GROGAN, ESTE FILME BONITINHO E PIEGAS, SEMPRE ME PEGA.
TALVEZ SÓ QUEM TENHA TIDO CACHORROS POSSA COMPREENDER O LAÇO DE AMOR E AMIZADE QUE NASCE ENTRE UM CÃO E SEU DONO. TIVE POUCOS, AO LONGO DA VIDA, MAIS DA CASA DO QUE MEU. O ÚNICO QUE REALMENTE ADOTEI, OU MELHOR, FUI ADOTADO, FOI UMA PASTORA ALEMÃ, QUE CHEGOU RECÉM NASCIDA E, APESAR DE BEBÊ, ERA MUITO GRANDE, PARECENDO UM CORDEIRINHO CHEIO DE LÃ.
LOGO NOS APAIXONAMOS. QUANDO ELA VINHA EM MINHA DIREÇÃO, AINDA ESCORREGANDO PELO CHÃO, ABANANDO O RABINHO, EU SENTIA TAL PRAZER QUE NÃO SABERIA DESCREVER. ELA ADORAVA O MEU COLO. E EU O DELA. FOI SEMPRE ASSIM.
À MEDIDA QUE IA CRESCENDO E FICANDO MAIOR PRECISOU SER EDUCADA EM ALGUMAS COISAS.
NÃO PODIA MAIS MORAR DENTRO E FOI CONSTRUÍDO UM CANIL, COM UMA GRANDE CASA, EM RAZÃO DO TAMANHO QUE ALCANÇARIA.
SEU CRESCIMENTO FOI NORMAL, COM BRINCADEIRAS, ENSINAMENTOS, CORRIDAS, VACINAS E OS CUIDADOS NECESSÁRIOS PARA A SUA RAÇA. A ALIMENTAÇÃO ERA APENAS NOTURNA, O QUE PARA MIM ERA MUITO ESQUISITO. ENTRE OUTRAS RECOMENDAÇÕES, COMIA PEDAÇOS DE UM CORAÇÃO DE BOI, COZIDO.
EU CUIDAVA DAS LIMPEZAS E DAVA-LHE BANHOS USANDO MAIÔ, PORQUE FICAVA MAIS MOLHADO DO QUE ELA.
É CLARO QUE PENSO ISSO POR TER SIDO MINHA, MAS NUNCA VI ANIMAL MAIS INTELIGENTE. PARECIA ADIVINHAR TUDO O QUE EU IRIA FAZER E JÁ SE ANTECIPAVA, ATÉ PUXANDO, PELA ALÇA, A CESTA QUE IRÍAMOS PRECISAR COM ESCOVA E SABONETE. NÃO É FÁCIL ACREDITAR, NÃO É?
ATÉ PORQUE, NÃO SEI SE GOSTAVA DO BANHO, POIS FICAVA TÃO CABISBAIXA, COMO SOFRENDO UMA NECESSIDADE, MAIS POR AMOR QUE POR VONTADE PRÓPRIA. MAS TERMINADO, ÍAMOS PARA O SOL. ERA SÓ ALEGRIA E, AO SE SACUDIR, ME ENCHARCAVA COM GOSTO.
EU TINHA UNS 14 ANOS, UMA IDADE POR SI SÓ JÁ COMPLICADA, ESPECIALMENTE, QUANDO A VIDA TAMBÉM O É. TENDO MUDADO DE CIDADE, PERDIDO BONS E ANTIGOS AMIGOS, TENDO QUE ENFRENTAR LUGAR NOVO, COLÉGIO NOVO, GENTE NOVA E, ESPECIALMENTE UMA MUITO DESAGRADÁVEL ESTRUTURA FAMILIAR NOVA, A ÚNICA SATISFAÇÃO TORNOU-SE ESSA QUERIDA COMPANHEIRA QUE ME OLHAVA COM TANTO AMOR.
É EVIDENTE QUE PERTENCIA A TODOS E OS AMAVA, MAS PARA MIM, ERA SÓ MINHA.
QUANDO VOLTAVA DA ESCOLA ELA EXPLODIA DE ALEGRIA.
ÍAMOS DAR VOLTAS POR CAMINHOS QUE ESCOLHIA, (COM UMA COLEIRA ENORME POR QUE ASSUSTAVA A TODOS PELO TAMANHO) FUÇANDO TUDO QUE LHE INTERESSAVA.
À NOITE, DEPOIS DA REFEIÇÃO, PASSEÁVAMOS NOVAMENTE E EU IA COM OS BOLSOS CHEIOS DE PEDRAS PARA AFASTAR OS CACHORROS “ESPERTOS”, QUE PERCEBIAM SUA PUBERDADE.
NA HORA DE DORMIR, ENTRAVA DENTRO DA CASA DELA E FICÁVAMOS ALI, JUNTOS. ELA COMEÇAVA A SENTIR SONO, MAS PRENDIA MINHA MÃO ENTRE SUAS PATAS, PARA EU NÃO SAIR. POUQUÍSSIMAS VEZES CONSEGUI ME SOLTAR SEM ACORDÁ-LA.
CRESCEMOS, NUM CERTO SENTIDO, PRATICAMENTE JUNTOS, EM RELAÇÃO AO NOSSO TEMPO DE VIDA.
TOTALMENTE DESENVOLVIDA, UMA DE SUAS ORELHAS NÃO LEVANTOU, MANTENDO-SE CAÍDA, O QUE LHE ACARRETOU PONTOS NEGATIVOS ENTRE OS CONHECEDORES, JÁ QUE TINHA PEDIGREE E DESCENDIA DE MÃE CAMPEÃ. ISSO NÃO FEZ QUALQUER DIFERENÇA PARA NÓS E ACHÁVAMOS QUE LHE DAVA MUITO CHARME.
POR CONFUSÕES FAMILIARES, PRECISAMOS DEIXAR A CASA EM QUE ESTÁVAMOS E COMO A NOVA, QUE HAVIA SIDO COMPRADA, NECESSITAVA REFORMA, FOMOS MORAR MUITO MESES NUM HOTEL.
ELA NÃO PODIA IR. E, POR INFELIZ FALTA DE MELHOR SOLUÇÃO, FOI PARA O BATALHÃO DA FORÇA PÚBLICA, INCLUSIVE PARA SER TREINADA.         
IA VISITÁ-LA MUITAS VEZES, DE ÔNIBUS, APESAR DE O QUARTEL SER BEM LONGE.
QUANDO NOS VÍAMOS, O CONTENTAMENTO ERA TÃO GRANDE QUANTO A TRISTEZA AO NOS SEPARARMOS.
EM CADA VISITA, A ACHAVA MAIS MAGRA E O VETERINÁRIO DIZIA QUE ERA DE SAUDADES DE CASA, O QUE AJUDAVA BASTANTE PARA EU VOLTAR MAIS DEMOLIDO. 
UMA SEMANA, TELEFONARAM DIZENDO QUE ADOECERA.
PEGARA UMA DOENÇA MUITO COMUM EM CANIL PÚBLICO, DE DIFÍCIL RECUPERAÇÃO. FOMOS VÊ-LA E MAL PUDE ACREDITAR EM SEU ESTADO: IMÓVEL, DEITADA SOBRE UMA ESPÉCIE DE ACOLCHOADO, DE OLHOS FECHADOS. QUANDO A ACARICIEI, ABRIU OS OLHOS E TENTOU ABANAR O RABO, MAS NÃO CONSEGUIU. PARA ME SENTIR MAIS CRUCIFICADO, O CAPITÃO DISSE:
- VEJA, ELA RECONHECEU O JOVEM. HÁ VÁRIOS DIAS QUE NÃO RECONHECE NINGUÉM.
ELA ME OLHOU E FECHOU OS OLHOS.
DOIS DIAS DEPOIS NOS COMUNICARAM QUE HAVIA MORRIDO E SE QUERÍAMOS QUE FOSSE ENTERRADA NO CEMITÉRIO DA PRÓPRIA ESCOLA-QUARTEL. MINHA MÃE RESPONDEU QUE SIM. SERIA O MAIS PRÁTICO.
EMBORA JÁ ESPERASSE, QUANDO SOUBE, FIQUEI MUITO COMOVIDO E OS FAMILIARES ME PERGUNTARAM SE EU IRIA SER TÃO RIDÍCULO DE CHORAR.
ME CONTIVE ÀS PRESSAS. NA MINHA FAMÍLIA SEMPRE HOUVE UMA NECESSIDADE ENORME DE NÃO DEMONSTRAR AS EMOÇÕES.
FUI RIDÍCULO QUANDO ESTAVA A SÓS E CHOREI MUITAS VEZES, PELA PERDA DESSA AMIZADE SINCERAMENTE CARINHOSA, FIEL, QUE ME ACOMPANHAVA
COM TANTA EXULTAÇÃO E CONSOLOU UMA ÉPOCA DIFÍCIL DA MINHA VIDA.
CHAMAVA-SE TÂNIA DO LARANJAL. O NOME VEIO NO CERTIFICADO OFICIAL.
PARA MIM, ERA TANI.

AO LEMBRÁ-LA, CONTINUO RIDÍCULO.

                                                                        

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