LIVRO HOTEL DELÍRIO: TEATRO: A TEMPESTADE

PEÇA: A TEMPESTADE

AUTOR: WILLIAM SHAKESPEARE
TRADUÇÃO: MARCOS DAUD
DIREÇÃO: GABRIEL VILLELA
TEATRO: TUCARENA
SÃO PAULO – AGOSTO DE 2015.

SEGUNDO PESQUISADORES, ÚLTIMA PEÇA ESCRITA POR SHAKESPEARE,

A TEMPESTADE É UMA HISTÓRIA DE TRAIÇÃO, VINGANÇA E AMOR. PRÓSPERO,

DUQUE DE MILÃO, NUMA TRAIÇÃO POLÍTICA, É DESTRONADO POR SEU IRMÃO

ANTÔNIO, COM A AJUDA DE ALONSO, REI DE NÁPOLES.

COLOCADO NUMA EMBARCAÇÃO, COM MIRANDA, SUA FILHA PEQUENA E COM
OBJETOS PESSOAIS, CHEGA A UMA ILHA DISTANTE.
MAGO DE AMPLOS PODERES E ESPECIAL BIBLIOTECA DE MAGIA, QUE LEVA CONSIGO, TEM, NA ILHA, A SEU SERVIÇO, CALIBAN, DISFORME FILHO DE UMA
BRUXA, QUE SE TORNA UM EMPREGADO E ARIEL, UM ESPÍRITO MÁGICO, QUE,
QUANDO PRECISO, TRANSFORMA-SE EM FOGO, AR OU ÁGUA. PRÓSPERO VIVE
ALI, COM A FILHA, ATÉ TORNAR-SE ADULTA.
COM SEUS PODERES, AO SABER QUE, VOLTANDO DA ÁFRICA, NUM NAVIO, ESTÃO

SEUS INIMIGOS: O IRMÃO ANTÔNIO, ALONSO (O REI DE NÁPOLES) E OUTROS

NOBRES, E QUE PASSARÃO PRÓXIMO A ILHA, PROVOCA GRANDE TEMPESTADE,

COM O AUXÍLIO DE ARIEL, CAUSANDO UM NAUFRÁGIO. SEUS OCUPANTES, VÃO,

AOS POUCOS, CHEGANDO ATÉ A ILHA, EM BUSCA DE ABRIGO.

ESSA ERA A INTENÇÃO DE PRÓSPERO, NO INTUITO DE ATRAI-LOS E CUMPRIR SUA VINGANÇA DE LEVÁ-LOS À INSANIDADE MENTAL, COM SUA MAGIA.

ENTRE OS SOBREVIVENTES ESTÁ O JOVEM PRÍNCIPE HERDEIRO, FERDINANDO,
FILHO DO REI DE NÁPOLES, QUE SE ENAMORA DE MIRANDA E O AMOR
ACONTECE ENTRE OS DOIS, COM O ESTÍMULO DE FORÇAS MÁGICAS E MUSICAIS
DE ARIEL.                      
O REI, SEU IRMÃO E O USURPADOR ANTÔNIO, COM OUTROS NOBRES, TAMBÉM
CHEGAM À ILHA, PARA SATISFAÇÃO E VINGANÇA DE PRÓSPERO.
ESTEFÂNIO, CRIADO DE BORDO, CONSEGUE SALVAR O BARRIL DE VINHO E
EMBRIAGA, ENTRE OUTROS, CALIBAN E O BOBO DA CORTE, TRÍNCULO.
CALIBAN FORTALECE-SE COM A EMBRIAGUEZ E, COM TRÍNCULO E ESTEFÂNIO,
PLANEJAM ELIMINAR O PODER MAGO DO DUQUE SOBRE ELES. APÓS FAZEREM
TUDO ERRADO, (O QUE SUSCITA O RISO DA PLATEIA), VOLTAM AO SEU NORMAL.
CANSADO DE TANTA LUTA, TRAIÇÕES E NOVAS TRAMAS DE MORTE FEITAS POR
SEU IRMÃO (DESSA VEZ AO REI DE NÁPOLES), PRÓSPERO, DESEJANDO
RETORNAR A MILÃO, VÊ NO CASAMENTO DE SUA FILHA COM O PRÍNCIPE, A POSSIBILIDADE DE TRANQUILIDADE. NUM ATO DE CONCILIAÇÃO, PERDOA A TODOS, DESISTINDO DE SEUS FEITIÇOS. LIBERTA, TAMBÉM, O FIEL E QUERIDO ARIEL, QUE DESOBRIGADO DE SERVI-LO, POR ANTIGA DÍVIDA, VOA FELIZ.
NO FINAL, O DUQUE PEDE A INDULGÊNCIA DE TODOS PARA HAVER PAZ.
O QUE O TEXTO NOS REVELA É A ETERNA LUTA PELO PODER, SUAS INVEJAS E
TRAIÇÕES. SEMPRE ALGUÉM QUERENDO EXERCER O PODER DE MANDAR OU
ESCRAVIZAR O PRÓXIMO.
A DIFERENÇA É QUE NESTE, HÁ O LADO TRÁGICO, O CÔMICO E O
ROMÂNTICO,OU SEJA, UMA HISTÓRIA DE SOFRIMENTOS E DE RECONCILIAÇÕES.
ALÉM DA EXCELÊNCIA DO TEXTO, O DIRETOR GABRIEL VILLELA, COMO EM

TODAS AS SUAS ENCENAÇÕES TEATRAIS, NÃO POUPA ARDORES BARROCOS,

NA INTERPRETAÇÃO, NA MOVIMENTAÇÃO DE PALCO, NA CENOGRAFIA E NOS FIGURINOS, NUMA EXIBIÇÃO ORIGINAL E ATRAENTE.

TODOS OS ATORES TÊM UMA BOA E SINTONIZADA REPRESENTAÇÃO.
SALIENTA-SE, PELA IMPORTÂNCIA DOS PERSONAGENS, CELSO FRATESQUI, COMO PRÓSPERO, CHICO CARVALHO, COMO ARIEL, HÉLIO CÍCERO, COMO CALIBAN, LETÍCIA MEDELLA, COMO MIRANDA E MARCO FURLAN, COMO FERDINANDO.
O CENÁRIO, OBEDECENDO A FORMA DE ARENA, EXIGE TODA A CRIATIVIDADE
DESSE BOM ELENCO, NAS NECESSIDADES, ATÉ DE MALABARISMOS, DAS CENAS,
NAS SIMULAÇÕES DE MAR E TEMPESTADE, NAS MAGIAS. É TOTAL O USO DO
ESPAÇO, OCUPANDO-SE ALÉM DO CENTRO, AS ESCADAS E PASSAGENS LATERAIS.
A PEÇA É NARRADA TAMBÉM MUSICALMENTE, COM INSTRUMENTOS AO
VIVO, CANTOS E DANÇAS QUE MUITO A MOVIMENTAM E ANIMAM. EXECUTA-SE
DE HEITOR VILLA-LOBOS A DORIVAL CAYMI.
AS ÚNICAS AÇÕES DESNECESSÁRIAS FORAM DAR UM CARÁTER MUITO
AFEMINADO, SEM SENTIDO, A DOIS PERSONAGENS (COMO QUE QUERENDO
SUSCITAR UM RISO OBRIGATÓRIO DA PLATEIA) E O ARTISTA PRINCIPAL,
FRATESQUI, FILIADO AO PT (PARTIDO DOS TRABALHADORES) COLOCAR, NO
TEXTO, UM “CACO” DE GOLPISMO, NUMA DISPENSÁVEL INSINUAÇÃO A FATOS DA ATUAL POLÍTICA BRASILEIRA.
O QUE MUITO ATRAIU, A MIM, FORAM OS FIGURINOS E ADEREÇOS.
OS BORDADOS DAS ROUPAS SÃO TÃO BONITOS E BEM FEITOS, QUE DÃO UMA
ALEGRIA VISUAL INTENSA. A MÁSCARA E VESTIMENTA DE CALIBAN, ASSIM COMO OUTRAS, MERECERIAM UMA EXPOSIÇÃO PRÓPRIA.                                           
DESTACAM-SE AINDA, AS PINTURAS FACIAIS E CORPORAIS.
TENHO REPARADO, HÁ TEMPOS, EM DIVERSAS PEÇAS QUE ASSISTI, A ÓTIMA QUALIDADE DE PRODUÇÃO DO TEATRO BRASILEIRO.
ALÉM DA MONTAGEM PRIMOROSA, O CUIDADO QUE VEM SENDO DADO À
ORIGINALIDADE DOS FIGURINOS, ADEREÇOS E BORDADOS.
COMO, POR EXEMPLO, ENTRE INÚMERAS, DESDE A BELA E A FERA OU O FANTASMA DA ÓPERA, JÁ TÃO ANTIGAS, ATÉ AS MAIS RECENTES COMO HELLO DOLLY, A MADRINHA EMBRIAGADA OU O HOMEM DE LA MANCHA. EM TODAS, 
NÃO CANSEI DE ADMIRAR A ENGENHOSIDADE E LUXO EMPREGADOS.
PARA MAGOS COMO JOSÉ ROSA, CLAUDINEI HIDALGO, SHICÓ DO MAMULENGO,
GIOVANNA VILELA, CLEIDE MEZZACAPA HISSA, ZILDA PERES EM ATEMPESTADE E PARA OUTROS ARTISTAS, EM DIFERENTES ATRAÇÕES, DO GÊNERO, ALÉM DO APLAUSO, ACEITEM NOSSO AGRADECIMENTO. A CENOGRAFIA DE A TEMPESTADE, MAGNÍFICA NA INVENTIVIDADE, É DE GABRIEL VILLELA E DE MÁRCIO VINICIUS. FIGURINOS DE VILLELA E JOSÉ ROSA. A DIREÇÃO MUSICAL É DE BABAYA E MARCO FRANÇA E A DIREÇÃO DE PRODUÇÃO, DE CLÁUDIO FONTANA.
NUM TEXTO EXCELENTE, COMO JÁ FOI DITO, UMA PRODUÇÃO, DIREÇÃO E
ENCENAÇÃO EFICIENTES, ENGRANDECEM NÃO SÓ O NOSSO ESPÍRITO, MAS O
CENÁRIO TEATRAL BRASILEIRO.