LIVRO HOTEL DELÍRIO - D.LEOPOLDINA

A BIOGRAFIA ÍNTIMA DE LEOPOLDINA

AUTOR:MARSÍLIO CASSOTTI
TRADUÇÃO: SANDRA MARTHA DOLINSKY
EDITORA PLANETA DO BRASIL LTDA.
ANO: 2015

NASCIDA EM VIENA (ÁUSTRIA) EM 22 DE JANEIRO DE 1797, CAROLINA JOSEFA LEOPOLDINA FERNANDA FRANCISCA DE BOURBON E HABSBURGO, ERA FILHA DO IMPERADOR FRANCISCO II E DE MARIA TEREZA DE BOURBON. MENINA FELIZ E INTERESSADA MAIS PELA NATUREZA E POR BOTÂNICA DO QUE PELOS ESTUDOS GERAIS, TEVE A EDUCAÇÃO QUE LHE ERA DIGNA COMO ARQUI-DUQUESA AUSTRÍACA, RODEADA DOS MELHORES INSTRUTORES, ALÉM DE CONHECER O MÚSICO JOSEPH HAYDN, O POETA GOETHE E OUTROS LUMINARES DA ARTE, DA ÉPOCA, NOS SARAUS DOS SALÕES DO PALÁCIO IMPERIAL DE SEU PAI.
UM TANTO OBSTINADA EM SUAS OPINIÕES, LEOPOLDINA CRESCEU DANDO UM POUCO DE TRABALHO A SUA PRECEPTORA E À SUA MADRASTA, SEGUNDA ESPOSA DO PAI, QUE DESEJAVAM TORNÁ-LA APTA AO QUE O DESTINO LHE OFERECESSE.
ISSO PORQUE, ERA COSTUME AS FAMÍLIAS REAIS TEREM MUITAS FILHAS, PARA CASÁ-LAS POLITICAMENTE, CONFORME OS INTERESSES DE ESTADO.
A JOVEM, SABENDO DE SEUS DEVERES FILIAIS E COM A MONARQUIA, CRESCEU CONTENDO, DENTRO DO POSSÍVEL SUAS OPINIÕES MUITO FRANCAS.
QUASE ADULTA, PASSOU A SER CONSIDERADA PRONTA PARA UM CASAMENTO DE ALIANÇA COM OUTRA CASA REAL DA EUROPA. ENTRE OS CANDIDATOS, CONHECIDOS POR PINTURAS EM MINIATURAS (O RETRATO DA ÉPOCA), INTERESSOU-SE PELO JOVEM PRÍNCIPE PEDRO, HERDEIRO DO TRONO, POR ACHÁ-LO O MAIS BONITO. O MONARCA D.JOÃO VI, DE PORTUGAL, QUE ESTAVA NO BRASIL, POR CAUSA DA INVASÃO DE SEU PAÍS PELAS TROPAS FRANCESAS DE NAPOLEÃO, CONCORDOU COM A UNIÃO E A ARQUI-DUQUESA CASOU-SE, POR PROCURAÇÃO, EM VIENA, COM O MINISTRO DA CORTE PORTUGUESA, REPRESENTANDO O NOIVO.
PARA LEOPOLDINA, CONHECER O BRASIL PARECIA UMA AVENTURA ESPLÊNDIDA, POR SEU INTERESSE PELO NOVO MUNDO E PELA NATUREZA, IMAGINANDO AS PAISAGENS DE RIOS E FLORESTAS QUE LHE DESCREVIAM. DEPOIS DE DESPEDIDAS DO SOLO EUROPEU CHEGOU AO BRASIL NA NAU IMPERIAL PORTUGUESA QUE HAVIA IDO BUSCÁ-LA. RECEBIDA COM GRANDE POMPA, CONHECEU SEU MARIDO, POR QUEM SE ENCANTOU. VIVENDO EM UMA QUINTA AGRADÁVEL, PORÉM, AFASTADA DO PALÁCIO REAL, COMO ERA O COSTUME, VISTO QUE OS REIS E OS HERDEIROS NUNCA MORAVAM SOB O MESMO TETO, LOGO ELA CONHECEU OS ÍMPETOS SENSUAIS DE SEU ESPOSO, ENGRAVIDANDO DE SUA FILHA MARIA DA GLÓRIA, FUTURA RAINHA DE PORTUGAL.
UMA PRINCESA ESTRANGEIRA, UMA HABSBURGO, APESAR DE HERALDICAMENTE SER MUITO SUPERIOR À NOVA FAMÍLIA, NUMA CORTE ESTRANHA, ESPECIALMENTE IGNORANTE COMO A PORTUGUESA, SEMPRE TERIA QUE TOLERAR SOFRIMENTOS PARA SE ADAPTAR. NASCIDA NUM DOS MAIS FAMOSOS E BONITOS PALÁCIOS DA EUROPA, A, AGORA, PRINCESA DO BRASIL, NÃO SE ABORRECEU COM AS MODESTAS CONDIÇÕES QUE ENCONTROU, NEM COM A FALTA DE CULTURA E ETIQUETA DA CORTE, MAS SIM COM AS MUITAS INTRIGAS QUE TEVE QUE SUPORTAR.
AS PRIMEIRAS, SOBRE AS TRAIÇÕES DE SEU MARIDO. RELIGIOSA E ACOSTUMADA A FIDELIDADE À PÁTRIA E AO ESPOSO, ESPANTOU-SE QUE UM PRÍNCIPE REAL PUDESSE SER ESCANDALOSAMENTE INFIEL E TER HÁBITOS TÃO MAL EDUCADOS. MESMO ENAMORADA, COMEÇOU A PERCEBER A ENORME DIFERENÇA DE CONDUTA, LEALDADE E EDUCAÇÃO ENTRE AMBOS.
À MEDIDA QUE SEU SÉQUITO AUSTRÍACO, QUE A HAVIA ACOMPANHADO AO PAÍS, IA VOLTANDO PARA A PRÓPRIA PÁTRIA, A PRINCESA, NO CONVÍVIO COM AS DAMAS PORTUGUESAS, RESOLVEU SER BASTANTE RESERVADA E PRUDENTE EM SUAS CONVERSAS E HÁBITOS, APÓS PROBLEMAS CAUSADOS POR SUA NATURAL FRANQUEZA. APRECIAVA PASSEAR, MUITAS HORAS, A PÉ, ADMIRANDO AS MATAS SELVAGENS PRÓXIMAS E AFASTANDO-SE DOS MEXERICOS. CAVALGAVA JUNTO AO MARIDO, QUANDO ERA CONVIDADA, E PARTICIPAVA DAS OBRIGAÇÕES SOCIAIS QUE LHE CABIAM. TEVE SEIS FILHOS (DOIS MORRERAM) E, QUANDO GRÁVIDA, NÃO ABANDONAVA OS PASSEIOS COM O PRÍNCIPE, COMO UMA MANEIRA DE SE MANTER PRÓXIMA, VISTO QUE CADA VEZ MAIS, ELE A DEIXAVA SÓ. HABITUANDO-SE AO SEU RECOLHIMENTO, LEOPOLDINA DISTRAÍA SUA SOLIDÃO ESCREVENDO INÚMERAS CARTAS À FAMÍLIA, PRINCIPALMENTE PARA A SUA ADORADA IRMÃ MAIS VELHA, MARIA LUÍSA, SEGUNDA ESPOSA DE NAPOLEÃO. AINDA NA JUVENTUDE DE LEOPOLDINA, A EX-IMPERATRIZ FRANCESA HAVIA VOLTADO À VIENA, COM O FILHO, DEPOIS DA DERROCADA DO MARIDO.
LEOPOLDINA QUEIXAVA-SE, BASTANTE, DA RUDE CORTE PORTUGUESA, MAS SENTIA UM INICIAL AMOR PELO BRASIL, QUE FOI AUMENTANDO COM O TEMPO.
INSTADO A VOLTAR PARA PORTUGAL, PELAS CORTES PORTUGUESAS, D.JOÃO VI PARTIU COM TODA A FAMÍLIA, DEIXANDO O FILHO PEDRO E A NORA, COMO REGENTES DO REINO DO BRASIL. APÓS O REGRESSO DO REI, AS CORTES PORTUGUESAS DESEJARAM FAZER O BRASIL VOLTAR AO NÍVEL DE COLÔNIA E QUE O PRÍNCIPE HERDEIRO, TAMBÉM, RETORNASSE PARA PORTUGAL. O MINISTÉRIO DO PRÍNCIPE REGENTE E O POVO BRASILEIRO SE REVOLTARAM CONTRA ESSA TENTATIVA DE DESONRA AO PAÍS. A PRINCESA LEOPOLDINA, JUNTO AO MINISTRO JOSÉ BONIFÁCIO DE ANDRADA E SILVA, NÃO POUPOU ESFORÇOS PARA CONVENCER D. PEDRO A SEPARAR, OFICIALMENTE, O BRASIL DE PORTUGAL, PRINCIPALMENTE, APÓS A INTROMISSÃO DE SOLDADOS PORTUGUESES QUE, CUMPRINDO ORDENS DE LISBOA, ATACAVAM ALGUMAS REGIÕES BRASILEIRAS. O PRÍNCIPE PARTIA PARA SUFOCAR AS REBELIÕES DA GUARDA PORTUGUESA E A PRINCESA ESCREVIA CARTAS AOS MONARCAS FAMILIARES DA EUROPA PARA QUE APOIASSEM ESSA SEPARAÇÃO. POLITICAMENTE, PARA A ADMIRAÇÃO DE TODOS OS MINISTROS, A PRINCESA SE ESFORÇAVA MUITO MAIS QUE O MARIDO PARA QUE SE DECLARASSE A INDEPENDÊNCIA. D.PEDRO, QUANDO NÃO GUERREAVA OU CAÇAVA, OCUPAVA-SE MAIS DE SUAS CONQUISTAS AMOROSAS. ALGUNS POLÍTICOS CHEGAVAM A DIZER QUE, COM O DESLEIXO DO MARIDO, QUEM GOVERNAVA ERA A PRINCESA, JÁ MUITO ADMIRADA PELA POPULAÇÃO POR SEU AMOR AO BRASIL.
CONTENDO UMA REVOLTA NO SUL, AO PARAR EM SÃO PAULO, NO SEU CAMINHO PARA O RIO DE JANEIRO, D.PEDRO CONHECEU A JOVEM PAULISTA DOMITILA DE CASTRO E MELO, QUE, MESMO CASADA, LOGO TRANSFORMOU-A EM SUA AMANTE. A AMBICIOSA PAULISTA, CATIVOU E DOMINOU O IRRESPONSÁVEL PRÍNCIPE POR MEIO DE SEUS VULGARES ARDIS AMOROSOS.
INICIOU-SE O PERÍODO MAIS CONTURBADO DA VIDA DA PRINCESA REAL, QUE SÓ TERMINARIA COM A SUA MORTE. TAMBÉM PARA O BRASIL, A PAULISTA FOI NEFASTA, PORQUE PASSOU A EXERCER FORÇA POLÍTICA SOBRE D.PEDRO. COMPRADA PELO DINHEIRO DE PORTUGUESES, NO BRASIL, CONTRÁRIOS À INDEPENDÊNCIA, ELA INSTAVA O AMANTE PARA QUE NÃO EFETIVASSE A SEPARAÇÃO.
MAS, D. LEOPOLDINA, EM ASSUNTOS POLÍTICOS, NÃO SE DEIXAVA INTIMIDAR E APÓS ENÉRGICA AÇÃO, JUNTAMENTE COM O MINISTRO JOSÉ BONIFÁCIO E AS FORÇAS BRASILEIRAS, ENVIOU CARTA AO PRÍNCIPE, NARRANDO OS ULTIMATOS RECEBIDOS DE PORTUGAL, ALERTANDO-O QUE SE DEIXASSE ESCAPAR ESSE MOMENTO, A SEPARAÇÃO ESTARIA PERDIDA.
NUMA GRANDE INDIGNAÇÃO ÀS EXIGÊNCIAS PORTUGUESAS, D.PEDRO DECLAROU A INDEPENDÊNCIA DO PAÍS E VOLTANDO AO RIO DE JANEIRO, SAGROU-SE IMPERADOR, COM O NOME DE PEDRO I.
CADA VEZ MAIS APAIXONADO POR DOMITILA, A INSTALOU NA CAPITAL E SEMPRE A VISITAVA. PARA ESPANTO DA CORTE, IGNORAVA AS CONVENÇÕES SOCIAIS E ETIQUETAS E AS HUMILHAÇÕES QUE CAUSAVA À ESPOSA.
DESPREZADA PELA NOBREZA E PELO POVO, MAS ADULADA POR BAJULADORES EM BUSCA DE FAVORES IMPERIAIS, A AMANTE RECEBIA, EM SUA RESIDÊNCIA, POLÍTICOS, MINISTROS E EMBAIXADORES. O IMPERADOR OUTORGOU-LHE O TÍTULO DE VISCONDESSA E, MAIS TARDE, MARQUESA DE SANTOS, NUM ACINTE A JOSÉ BONIFÁCIO, NASCIDO EM SANTOS (SP), QUE HAVIA SE DEMITIDO DE SUAS FUNÇÕES, POR SER CONTRA O COMPORTAMENTO DO IMPERADOR.
D.LEOPOLDINA, AGORA IMPERATRIZ, AGUENTOU CALADA E SOLITÁRIA AS DESCONSIDERAÇÕES DO MARIDO. ESTE, COMO REPRESÁLIA AO SÉQUITO DE SUA MULHER, QUE DESDENHAVA A MARQUESA, NOMEOU-A PRIMEIRA DAMA DO PAÇO, FAZENDO-A ACOMPANHAR A IMPERATRIZ EM TODOS OS EVENTOS PÚBLICOS.
DE AFRONTAS EM AFRONTAS E DISCUSSÕES, NAS QUAIS D.PEDRO DEMONSTRAVA SUA BRUTALIDADE, D. LEOPOLDINA FOI, POUCO A POUCO, DEFINHANDO FISICAMENTE. GRÁVIDA, OUTRA VEZ (POIS APESAR DA AMANTE, D.PEDRO NÃO DISPENSAVA O SEXO COM A CONSORTE), NUMA BRIGA VIOLENTA, MESES DEPOIS, A IMPERATRIZ PERDEU A CRIANÇA E NÃO MAIS SE RECUPEROU DE UMA FEBRE BILIOSA QUE HAVIA ADQUIRIDO.
MORIBUNDA, MAS, LÚCIDA, DESPEDIU-SE DE SEUS FILHOS, RECEANDO ABANDONÁ-LOS TÃO CRIANÇAS À SORTE DE PESSOAS QUE NÃO CONFIAVA. TEMIA, ESPECIALMENTE, O FUTURO DO PEQUENO MENINO PEDRO, PELAS DIFICULDADES QUE ENFRENTARIA COMO HERDEIRO DO TRONO DO BRASIL.
SUA FILHA MARIA DA GLÓRIA, ADOLESCENTE, ESTAVA EM VIENA, PARA DEPOIS SEGUIR A PORTUGAL, INICIAR SEU REINADO E CASAR-SE COM SEU TIO MIGUEL, IRMÃO DE D.PEDRO E, IGUALMENTE, IRRESPONSÁVEL E VIOLENTO.
ESTA FOI UMA GRANDE DERROTA E CAUSA DE MAIS TRISTEZAS À IMPERATRIZ, QUE ERA CONTRA A UNIÃO.   
FALECEU AOS 29 ANOS, EM 1826, SENDO PRANTEADA PELO POVO BRASILEIRO, QUE MUITO AMOU E FOI AMADA.

A BIOGRAFIA DE LEOPOLDINA, “A IMPERATRIZ QUE CONSEGUIU A INDEPENDÊNCIA DO BRASIL”, É DE AUTORIA DE MARSÍLIO CASSOTTI, QUE INICIOU SEUS ESTUDOS EM CIÊNCIAS POLÍTICAS NA UNIVERSIDADE CATÓLICA DE BUENOS AIRES, NA ARGENTINA. ESTUDANDO, TAMBÉM, NA FRANÇA E ESPANHA, FOI DIRETOR DE UMA COLEÇÃO DE LIVROS DE HISTÓRIA, EM BARCELONA E ASSESSOR DE EDITORAS EM MADRI E LISBOA. PUBLICOU VÁRIAS OBRAS SOBRE A REALEZA ESPANHOLA E PORTUGUESA TAIS COMO: INFANTAS DE PORTUGAL- RAINHAS EM ESPANHA; CARLOTA JOAQUINA - O PECADO ESPANHOL; A RAINHA ADÚLTERA, CRÔNICA DE UMA DIFAMAÇÃO ANUNCIADA, OBTENDO SUCESSO JUNTO AO PÚBLICO IBÉRICO.
PARA COMPOR A HISTÓRIA DE D.LEOPOLDINA, VALEU-SE DE ENORME BIBLIOGRAFIA E DAS INÚMERAS CARTAS QUE ELA ENVIAVA PARA SEUS PARENTES E CONHECIDOS, NA EUROPA.
NARRANDO UM FATO IMPORTANTE DA HISTÓRIA DO BRASIL, O LIVRO EXPÕE A VIDA DE UMA DAS MAIS INFELIZES PERSONAGENS DA MONARQUIA BRASILEIRA.