AUTOR: WILLIAM SHAKESPEARE
TRADUÇÃO E ADAPTAÇÃO: GERALDO CARNEIRO
DIREÇÃO: ELIAS ANDREATO
TEATRO: EVA HERTZ
SÃO PAULO-JUNHO DE 2015
A TRAGÉDIA REI LEAR, ACREDITO QUE A MAIORIA CONHEÇA, POR OUTRAS VERSÕES TEATRAIS E PELO USO QUE O CINEMA FEZ DO TEMA, EM DIFERENTES FILMES SOBRE A VELHICE ABANDONADA.
REI LEAR, UM ANCIÃO SEM FILHO VARÃO PARA HERDAR SEU REINO E JÁ SEM FORÇAS PARA GOVERNAR, DECIDE DIVIDI-LO ENTRE SUAS TRÊS FILHAS, DANDO UM TERÇO PARA CADA UMA. AS DUAS MAIS VELHAS ENALTECEM O PAI COM FALSAS ADULAÇÕES DE AGRADECIMENTO. A MENOR, AGRADECE, SEM A HIPOCRISIA DAS OUTRAS E ESTE, SENTINDO-SE MENOS AMADO POR ESSA FILHA PREFERIDA, RETIRA-LHE A PARTE DOADA E OFERECE ÀS OUTRAS DUAS. CADA IRMÃ ESTABELECE-SE NA METADE QUE RECEBEU E A MAIS JOVEM, DESERDADA, VEM, MAIS TARDE, A CASAR-SE COM O REI DA FRANÇA.
ANTES DA DIVISÃO, O REI INGLÊS ESTABELECE QUE PASSARÁ UMA TEMPORADA NO CASTELO DE CADA FILHA QUE AGRACIOU, JUNTAMENTE COM SEU SÉQUITO DE SOLDADOS E CAVALEIROS. AS FILHAS O ABRIGAM DE MÁ VONTADE E, MAIS TARDE, RECUSAM-SE A RECEBÊ-LO, CASTIGANDO QUEM LHE DESSE ASILO. O REI VAGA DESVAIRADO POR SEU EX-REINO, PASSANDO DIVERSOS SOFRIMENTOS, ATÉ SER ENCONTRADO PELA FILHA MAIS JOVEM, QUE SABENDO DA TRAIÇÃO DAS IRMÃS AO PAI, LEVA-O CONSIGO.
CONSIDERAÇÕES:
AO LER QUE A REPRESENTAÇÃO SERIA UM MONÓLOGO, FIQUEI CURIOSO PARA ASSISTIR O QUE, PARA MIM, SERIA DE GRANDE OUSADIA.
E, REALMENTE O FOI, POIS APESAR DE UMA ADAPTAÇÃO MAIS RESUMIDA, SÓ UM BOM ADAPTADOR E UM GRANDE ATOR PODERIAM REALIZÁ-LA COM A CORAGEM E ÊXITO QUE OBTIVERAM.
FALAR SOBRE A INTERPRETAÇÃO DE JUCA DE OLIVEIRA, UM DOS MAIORES ATORES BRASILEIROS, SERIA REDUNDÂNCIA. EM QUANTOS E ÓTIMOS ESPETÁCULOS TEATRAIS E, TAMBÉM, NA TELEVISÃO, TIVE A OPORTUNIDADE DE VÊ-LO EXERCENDO SEU GRANDE TALENTO. NÃO PODERIA SER O CONTRÁRIO NESTA REPRESENTAÇÃO, DE DIFÍCIL MEMORIZAÇÃO, NA QUAL SUSTENTA A OBRA DE SHAKESPEARE, SOZINHO, NO PALCO.
É UM ESPETÁCULO LIMPO, PORÉM DESPOJADO DEMAIS.
A INTENÇÃO ME PARECEU EXATAMENTE ESSA E A GRANDIOSIDADE DE JUCA, MANTEM O INTERESSE. MAS, UM POUCO DE RECURSOS ESPECIAIS, PODERIA TORNÁ-LO MAIS ATRAENTE, PARA O PÚBLICO, COMO EXIBIÇÃO TEATRAL.
A MANEIRA COMO FOI FEITA, ACREDITO QUE TENHA SIDO PARA FACILITAR TODAS AS DIFICULDADES E PODER, TALVEZ, SER EXIBIDO PELO PAÍS, SEM O ÔNUS DE UMA GRANDE BAGAGEM.
MAS, PARA MIM, A EXIBIÇÃO SE LIMITOU A UMA BOA DECLAMAÇÃO DRAMÁTICA.
O USO DE COMPONENTES TÉCNICOS E CÊNICOS, DARIAM “COLORIDO” À REPRESENTAÇÃO, SEM ENCARECÊ-LA, SE FOSSE ESTA A QUESTÃO.
AO SE DIRIGIR ÀS FILHAS, POR EXEMPLO, AO INVÉS DE JUCA OLHAR O NADA, A ILUMINAÇÃO PODERIA TER CRIADO TRÊS SPOTS (CANHÕES), DE CORES DIFERENTES, CADA UMA SIGNIFICANDO UMA FILHA E ACENDÊ-LOS NOS MOMENTOS APROPRIADOS À FALA.
O USO DE SONOPLASTIA, TAMBÉM NÃO FARIA MAL, EVIDENCIANDO AS OCASIÕES MAIS TRÁGICAS E O FINAL MAIS DOCE.
E ALGUNS ADEREÇOS, AJUDARIAM MELHOR A COMPOSIÇÃO DO PERSONAGEM, COMO UMA COROA, MESMO QUE DE PAPELÃO. A SUA PRESENÇA FÍSICA E O ATO DE ABANDONÁ-LA SIMBOLIZARIAM MELHOR A PERDA DO PODER.
UM TRONO, EMBORA SENDO A SIMPLES CADEIRA PLÁSTICA UTILIZADA, COBERTA POR UM TECIDO VERMELHO (A COR DA INGLATERRA) TERIA MAIOR IMPACTO.
JUCA, POR ESTAR TODO DE PRETO, PODERIA USAR UMA CAMISETA COM O DESENHO DE UM LEÃO DOURADO OU COM O DE UMA CRUZ OU DE UM ESCUDO HERÁLDICO OU, QUEM SABE, SOMENTE, UMA PEQUENA CAPA NOS OMBROS, PERDENDO-A DEPOIS. VESTES TÃO FÁCEIS E BARATAS DE ENCONTRAR, NA RUA 25 DE MARÇO, EM SÃO PAULO. E DEVERIA USAR SAPATOS, “JAMAIS ESTAR DE TÊNIS”. (PELO MENOS FOI O QUE ME PARECEU, DE MEU LUGAR, NO FUNDO DO TEATRO).
ESTES PEQUENOS ADORNOS E CUIDADOS, TÃO SIMPLES, MAS BASTANTE ADEQUADOS, PERMITIRIAM À PLATEIA APROFUNDAR-SE MELHOR TANTO NO TEXTO QUANTO NA MAGIA DO TEATRO.
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